Mais que um pedido, um sintoma de despreparo

 

Vereador mostra total falta de conhecimento das leis e pede ambulância para ganhar curtidas 

Foi pra Brasília, falou bonito, gesticulou e postou no Instagram: “Lutando por mais saúde para o nosso povo!”. O que ele pediu? Uma ambulância UTI para Coelho Neto.

Parece nobre. Parece sensível. Parece sério. Maaaaas, só parece! 

Porque o que não parece — mas é — é que o vereador em questão não sabe a diferença entre média e alta complexidade, não conhece a legislação do SUS, não entende o custo de manter uma equipe 24 horas por dia com médico, enfermeiro, condutor, monitor cardíaco, respirador e insumos. E, pior, não sabe que, por lei, a cidade nem tem estrutura para suportar esse tipo de serviço.

Ou seja: o vereador pediu um serviço de alta complexidade para uma cidade que a legislação define como média complexidade. Pediu Ferrari mas sem os pneus, uma piscina olímpica no meio do deserto, helicóptero sem as hélices.

Mas o problema não é o pedido em si. É o que ele revela: o despreparo de quem deveria conhecer a realidade do município, o funcionamento do SUS e as possibilidades reais de avanço. Porque, se quisesse mesmo melhorar a saúde da cidade, estaria defendendo a regionalização dos serviços, pressionando por consórcios intermunicipais e lutando para elevar o status da rede — mas aí dá trabalho demais, e não dá like!

O vereador não quer UTI. Quer engajamento. Quer curtida. Quer parecer preocupado, mesmo sem saber com o quê.

A saúde pública, que exige planejamento, responsabilidade e conhecimento técnico, não esse palco de vaidade e para conteúdo em rede social.

O pedido da UTI não é só inviável. É um sintoma.

E o diagnóstico é claro: o problema está no microfone, não na ambulância.

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