Em política, não existe morte — apenas silêncio estratégico. E foi nesse compasso de ausência e expectativa que Márcia Bacelar, ex-prefeita e figura materna da política de Coelho Neto, reapareceu. Não com um discurso, nem com um comício, mas com um abraço. Um gesto. Um símbolo. E, como ensinava Freud — ou seria Maquiavel? — na política, nada é por acaso.
Desde que foi apunhalada pelas costas pelo prefeito de Duque Bacelar, que tentava empurrar o genro goela abaixo da oposição local como candidato em 2024, Márcia recuou. Saiu de cena. Talvez por cansaço, talvez por estratégia. O fato é que, desde então, não se ouviu mais sua voz nas disputas locais. O trono estava vago — até agora.
Na imagem publicada por Bruno Silva, os dois aparecem abraçados, sorridentes, num reencontro que parece mais uma declaração de cessar-fogo político. Mas ali tem mais do que ternura. Tem cálculo. Tem sinalização. E tem autoridade.
Ao citá-la, Bruno não apenas reabilita Márcia — ele a incorpora ao seu capital simbólico. Mais do que perdoar, ele escolhe com quem dialogar. É o gesto clássico de quem venceu e agora distribui os assentos à mesa do poder. E ao fazer isso publicamente, no Instagram, sob o manto do Papa Francisco e da “construção de pontes”, o prefeito diz muito sem precisar gritar: não há mais espaço para picuinhas. Quem quiser contribuir, que venha. Quem quiser resistir, QUE REZE!
Para a população, o gesto é de grandeza. Para os bastidores, é um xeque. E para Márcia, é uma volta ao palco.
Porque, como dizia Arnaldo Jabor: a política é uma peça de teatro onde os mortos sempre podem voltar para o segundo ato. E Márcia acaba de receber o convite.
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